quarta-feira, 25 de abril de 2007

Capítulo 2 - A criança que só serve para justificar o banho de sangue que fica bem no início de qualquer história

Eis que nasce a filha de Aine e do guarda. A tristeza é geral e, desengane-se quem pensou o óbvio, não tem nada a ver com a cena de serem góticos. Como era de esperar, a traição ao marido por parte de Aine foi logo topada e, ainda que o próprio vivesse bem com isso, o pai dela não achou muita graça à situação. Somando ao seu fraco sentido de humor o facto de ter notado que o salão do palácio precisava de um pouco mais de cor, concluiu que não havia nada mais perfeito para melhorar a decoração que umas gotas de sangue de traidor no chão. Com o seu sempre activo sentido prático, notou também que assim até dava uso à espada da família que já andava a ganhar pó da falta de uso. E, como se não fossem já motivos suficientes para dar cabo do rapaz, o pai de Aine ainda tinha um ódio de estimação por tudo quanto fosse guarda real (ódio este comum à maior parte da população masculina do Reino, visto que os guardas pessoais são os únicos homens a quem é permitido viver no planeta da Rainha, habitado exclusivamente por mulheres, devido a uma lei bastante estúpida que é fulcral noutro livro mas que aqui não interessa nada). Há ainda que salientar que, para o pai de Aine, o facto do guarda ter olhos azuis não era desculpa para ter a mania, muito menos para se fazer à Rainha.

Apartes à parte (!), a criança nasceu já órfã de pai e com uma mãe, para além de gótica por natureza, agora ainda mais deprimida com a morte do amor da sua vida e, ainda por cima, mordida por um vampiro. Era impossível uma criança assim vir a ser uma goticazinha normal. Era simplesmente impossível.

Acredite-se ou não, em vez do clássico chorar, Niel – assim se chamava a miúda – riu assim que nasceu. Ceridwen, a Sábia Suprema do R7P3I percebeu imediatamente que aquela ia dar trabalho: dali estava para vir muita tragédia… E, na verdade, a única característica dark que Niel veio a desenvolver foi um certo gosto por sangue de barata. Bom, também houve um dia em que adoptou um morcego a que chamou Morfeu, mas desconfia-se que isso foi só para evitar o internamento que parecia iminente.

Para evitar que Aine levasse a filha consigo quando se lembrasse de se suicidar (momento que parecia cada vez mais próximo), os sábios do Reino disseram-lhe que ela tinha nascido morta. Com todo o desgosto aliado ao facto de ser gótica, Aine suicidou-se, realmente, pouco tempo depois do nascimento de Niel. Como queria uma morte altamente dramática, foi no salão, após convocar todo o pessoal para uma reunião, que pegou na espada do pai (agora com sangue seco em vez de pó) e a espetou no ventre (vulgo barriga).

E foi o caos.

Apesar da decoração ter sido novamente enriquecida com mais gotas de sangue no chão e haver agora também espirros vermelhos nas paredes, houve grande revolta entre os criados encarregues da limpeza, para quem era óbvio que nem limpando com ácido o salão voltaria a ser o mesmo. E havia também o pormenorzinho do problema de sucessão, porque Niel, para além de ser ainda bebé, era mantida em segredo, e porque o Rei se matou a seguir a Aine, numa de solidariedade gótica que nenhum não-poser conseguirá alguma vez entender.

Ninguém sabe o que sucedeu a seguir, mas uma guerra pela sucessão juntamente com uma revolta popular só pode ter resultado nalguma coisa com sangue em grandes quantidades, agravando ainda mais a revolta da secção de limpezas, levando a mais sangue e por aí em diante. Considerando que já temos sangue suficiente para um só capítulo, passemos para outro planeta, num pentagrama distante e estranho, quase parecido com uma estrela de quatro pontas, aproximadamente semelhante a uma cruz, onde Aine resolveu reencarnar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cillit bang limpa tudo... até as nódoas de sangue mais difíceis... ou então não... :P

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Anónimo disse...

oh meu deus!!! alguem ajude essa equipa de limpeza. ou entao contratem um decorador pa encaixar o sangue...