segunda-feira, 14 de maio de 2007

Capitulo 5.8

-Hum, pois...
-Vou sair – avisou Niel, entrando de novo na sala. - Acho que já percebi a ideia dos pontos cardeais. Até logo, Morfeu, Ceridwen.
-Até logo – respondeu Ceridwen. E, após Niel fechar a porta – Morfeu, é melhor mandares uma ambulância segui-la. Deve ser hoje que cai num precipício.
-É provável, Ceridwen, é provável...

Capitulo 5.7

-Niel, és mesmo estúpida! Alguém aqui falou nisso? - Ceridwen riu à gargalhada. - Andas a cair demais em buracos. Olha, vai à cozinha beber um chá, a ver se isso passa...

Niel saiu baralhada da sala. Parecia-lhe tão claro que tinha ouvido aquilo...

-Morfeu, para a próxima não entres em pânico. Ou então entra em pânico em modo de ultra sons...
-Mas depois tu não entendias...
-Hello? Sou a Sábia Suprema? Trago sempre um tradutor de ultra sons no bolso...

Capitulo 5.6

-Mas a mãe ao menos sabia o suficiente de pontos cardeais para conseguir reencarnar na T... Niel! Olha quem cá está!
-Reencarnar? A minha mãe? - perguntou Niel, já com o ar de quem ia cair outra vez, apesar de não haver ali buracos.
-Reencarnar? A tua mãe? - repetiu Morfeu, quase em pânico.

Capitulo 5.5

-Ela sai à mãe, não sai? - perguntou Morfeu.
-Não... É a mistura extremamente apurada entre a estupidez da mãe e a idiotice do pai...

Capitulo 5.4

-Argh! Maldito Universo 20! - exclamou Rani, a tia de Niel – Cada dia há mais um maluco com tecnologia de hiperespaço! E nós que limpemos os estragos!
-Calma, Rani, é só mais uma aspiradela... - acalmou-a Morfeu – Bem, e tirar daqui a Niel, antes que morra de vez. Já agora, podias ensiná-la a usar um mapa. Anda paranóica com o que lhe deste, mas deve andar a lê-lo ao contrário. Ontem, caiu num buraco num estaleiro de obras; hoje, pelo cheiro, deve ter sido nos esgotos...
-A sério?... Raio da miúda. Saiu tão idiota como os pais. Qualquer dia descobre que não quer ser gótica...
-Sim, realmente, lembra-te do que eu disse há algum tempo: ela só me adoptou porque estava a ver que ia levar tratamento de choque.
-E começo a pensar que tinhas razão. Esta rapariga começa a preocupar-me. E depois há estes tipos que saem do nada e partem a louça da família... Vamos lá tratar da limpeza!
Depois de arrastarem Niel escada acima, de forma a que batesse com a cabeça em todos os degraus, limparam finalmente a sala.

Quando acordou, Niel viu Rani a seu lado.
-Então, miúda? Andas a abusar das quedas, não?
-Acho que ando a ver mal o mapa, tia. Tento segui-lo, mas apanho sempre com buracos.
Rani viu Niel pegar no mapa de lado e percebeu que as escolas do Reino dos Sete Pentagramas (Três dos Quais Invertidos) já tinham visto melhores dias...
-Bem, vou então explicar-te como se usa um mapa. Primeiro, os pontos cardeais...
Ao aperceber-se do nível da explicação, Morfeu saiu rapidamente do quarto, batendo com a asa na testa em sinal de incredulidade. Enquanto escorregava pelo corrimão abaixo (para um morcego que não voa, é melhor opção que descer as escadas), bateram à porta.
Utilizando uma combinação de várias línguas estranhas, Morfeu abriu a porta com um comando verbal (à mão, ou asa, era difícil). Do lado de for a, estava uma mulher com ar bastante gótico e tipo de ser uma pessoa importante.
-Oh, és tu, Ceridwen. Entra, estamos quase na hora do chá, é só a Rani explicar à Niel o que são os pontos cardeais.
A mulher franziu o sobrolho, soltou um “Ai...” de exasperação e entrou.

Capitulo 5.3

Morfeu dirigiu-se lentamente para a despensa, esbarrando na mobilia do corredor e praguejando em todas as linguas que conhecia (inclusivé em ultra sons, visto que é morcego). Nisto, esbarra numa coisa quente e começa a tremer de medo.
-Morfeu, que andas a fazer sem óculos?
-A Niel não me compra mais e os meus estão partidos.
-O raio da gaiata! Toma lá estes – e tirou uns do bolso

A tia de Niel tinha-a vindo visitar. Encontrou a casa com um cheiro horrivel e começou logo a limpá-la. Morfeu tentava não ser sugado pelo aspirador, daí ser ele que o manobrava sempre.
Quando acabaram de limpar tudo, ouviram um barulho estranho, uma especie de “xuiuf” no meio da sala, enquanto um jarrão se estilhaçava. E viram um vampiro tomar forma de repente. Niel, que já tinha tomado banho, desmaiou e bateu com a cabeça. A sua tia pegou na vassoura e Morfeu vociferou em ultra sons para entender o que se estava a passar.
De repente o vampiro desapareceu, após por um pó estranho para a boca. O vampiro, claro está, era Matthieu que se tinha enganado nas coordenadas e, em vez de ir ter ao planeta de Anfira, tinha ido ter uns milhões de parsecs ao lado.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Capítulo 5.00000000000000001

Niel abriu o frasquinho com o líquido escuro e com um conta-gotas deitou duas gotas do líquido na chávena de chá. Lambeu os lábios em antecipação, enquanto fechava o frasco. Arrumou-o no armário, pegou na chávena e sentou-se à mesa, bebericando o chá e apreciando um bolinho de canela. Duas gotas de sangue de barata sempre foram melhores que uma colher de açúcar. Ouviu-se um zunido ao longe, um som agudo que se tornava cada vez mais grave. Enfiou o biscoito de canela na boca. Continuando a bebericar o chá, apreciando o seu peculiar sabor, afastou o prato dos biscoitos imediatamente antes de algo embater na mesa com estrondo, enrolando-se numa bola de pêlo que rebolou pela mesa até se esborrachar no chão. Niel voltou a pousar o prato na mesa e inclinou ligeiramente a cabeça para o lado. Morfeu esfregava as costas com uma das pequenas garras em que terminavam as asas membranosas.
- Vamos ter de resolver esse teu problema - disse ela.
- Não e não! - protestou Morfeu, apanhando os óculos estilhaçados do chão. - Já é suficientemente humilhante só contigo a ver.
- Mas qualquer dia ainda te matas, pá!
- Mas não é normal um morcego não saber voar! É anti-natura!
- Então vais ver tudo mal, porque não te compro mais óculos!
Morfeu protestou e praguejou até sair da cozinha, caminhando lentamente com as pequenas patinhas.
- Damn you! - bradou, ao passar a porta.
- E pára de falar essa língua estranha que eu não entendo!

Após tomar o pequeno almoço, Niel arranjou-se para sair. Lembrou-se do mapa que a tia lhe tinha dado há muito, muito tempo. Abriu a gaveta, pegou nele e saiu de casa. O mapa era muito, muito simples, não tinha nada que enganar. Mas, se for lido ao contrário, não pode conduzir a um sítio bom. Assim, pela segunda vez numa semana lá caiu Niel num buraco. Destra vez não foi num estaleiro de obras, mas num daqueles buracos que costumam estar tapados com tampas no meio das ruas e que acabam nos esgotos.

Morfeu estava muito descansado a tentar ler um livro (os óculos estavam de facto muito estilhaçados), quando ouviu a porta da entrada bater. Ainda antes de ela surgir na sala chegou-lhe um cheiro nauseabundo ao nariz. Rapidamente tapou-o com a patinha.
- Onde caliste delta pez? - clamou.
A resposta que obteve foi uma porta a bater violentamente e o som de água a correr.
- Gaios pala a lapaliga! É bom que não tenha bujo o coledole!
Pobre Morfeu. Lá tinha ele de ir cavalgar o aspirador outra vez.