quarta-feira, 2 de maio de 2007

Capítulo 5.00000000000000001

Niel abriu o frasquinho com o líquido escuro e com um conta-gotas deitou duas gotas do líquido na chávena de chá. Lambeu os lábios em antecipação, enquanto fechava o frasco. Arrumou-o no armário, pegou na chávena e sentou-se à mesa, bebericando o chá e apreciando um bolinho de canela. Duas gotas de sangue de barata sempre foram melhores que uma colher de açúcar. Ouviu-se um zunido ao longe, um som agudo que se tornava cada vez mais grave. Enfiou o biscoito de canela na boca. Continuando a bebericar o chá, apreciando o seu peculiar sabor, afastou o prato dos biscoitos imediatamente antes de algo embater na mesa com estrondo, enrolando-se numa bola de pêlo que rebolou pela mesa até se esborrachar no chão. Niel voltou a pousar o prato na mesa e inclinou ligeiramente a cabeça para o lado. Morfeu esfregava as costas com uma das pequenas garras em que terminavam as asas membranosas.
- Vamos ter de resolver esse teu problema - disse ela.
- Não e não! - protestou Morfeu, apanhando os óculos estilhaçados do chão. - Já é suficientemente humilhante só contigo a ver.
- Mas qualquer dia ainda te matas, pá!
- Mas não é normal um morcego não saber voar! É anti-natura!
- Então vais ver tudo mal, porque não te compro mais óculos!
Morfeu protestou e praguejou até sair da cozinha, caminhando lentamente com as pequenas patinhas.
- Damn you! - bradou, ao passar a porta.
- E pára de falar essa língua estranha que eu não entendo!

Após tomar o pequeno almoço, Niel arranjou-se para sair. Lembrou-se do mapa que a tia lhe tinha dado há muito, muito tempo. Abriu a gaveta, pegou nele e saiu de casa. O mapa era muito, muito simples, não tinha nada que enganar. Mas, se for lido ao contrário, não pode conduzir a um sítio bom. Assim, pela segunda vez numa semana lá caiu Niel num buraco. Destra vez não foi num estaleiro de obras, mas num daqueles buracos que costumam estar tapados com tampas no meio das ruas e que acabam nos esgotos.

Morfeu estava muito descansado a tentar ler um livro (os óculos estavam de facto muito estilhaçados), quando ouviu a porta da entrada bater. Ainda antes de ela surgir na sala chegou-lhe um cheiro nauseabundo ao nariz. Rapidamente tapou-o com a patinha.
- Onde caliste delta pez? - clamou.
A resposta que obteve foi uma porta a bater violentamente e o som de água a correr.
- Gaios pala a lapaliga! É bom que não tenha bujo o coledole!
Pobre Morfeu. Lá tinha ele de ir cavalgar o aspirador outra vez.

4 comentários:

3-Nigma disse...

Por acaso o sangue será do tipo: Supella longipalpa?

É que era uma edição limitada e gostava de saber se por acaso não terão algum em excesso...?

Já agora: o suspense...? Ia-me matando!

Micaela disse...

Não te esqueças de que tudo se passa num universo paralelo, nós não temos acesso ao sangue...

3-Nigma disse...

Ora bolas!

Lá vou ter de voltar à caça...

Vanessa disse...

Se achares, fornece aí que eu ainda continuo à procura