segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Reino já tem uma Primavera (se a Anfira a conseguir salvar…)

Apesar de escrevermos há mais tempo, fizemos há dias um ano sob a forma de blog. Nada de retrospectivas lamechas, quero apenas deixar alguns agradecimentos a quem nos apoiou e/ou inspirou desde o início ou desde o meio ou mesmo desde os ¾. Assim sendo, obrigada:
- à Ana, à Vanessa e ao David por terem escrito livros com os quais me fartei de gozar, pela ideia de escrever esta versão e pela colaboração;
- ao Vítor e à Carina pela mítica história do sacrifício de hamburgers e pelo Caderno Satânico (um dia ponho cá uma foto) onde escrevemos todos os rascunhos;
- aos professores e restantes personagens da FCUL, pá, que, portanto pá, inspiraram várias, portanto, personagens e situações, pá…
- aos físicos de todos os tempos (e ao grande matemático Augustin Cauchy :P);
- ao JC, à Freyja e às religiões e mitologias em geral;
- aos góticos, emos e posers em geral e ao power metal finlandês;
- ao Wagner e ao metal viking;
- à Swarovski, à Fender e à Maria;
- ao Dr. House;
- às notícias da TVI, Correio da Manhã, 24 Horas e O Crime;
- à Grécia, à Suécia, ao Chipre e à Rússia e também à língua francesa;
- a todos os que nos leram, lêem e lerão.

Pronto, agora limpem as lágrimas e assoem-se. The show must go on…

sábado, 12 de abril de 2008

Capítulo 10.7

Num outro espaço e num outro tempo, Anfira tentava entender a sua situação. Mesmo com o cerebrozinho que tinha, já tinha reparado que não fazia muito mais na vida para além de tentar entender a sua situação.
Aparentemente, estava na Escandinávia e, pelo que tinha concluído (portanto, não é informação de confiança), estava na época dos vikings e era Inverno.
Segundo Håvard, o dragão, era Inverno há vários anos. Alguém que ele dizia ser o Inverno em pessoa tinha raptado a Primavera (também personificada), deixando o mundo coberto de gelo.
Dado o longo Inverno, a fome começava a espalhar-se por todo o lado e Håvard tinha sido enviado da sua aldeia para tentar libertar a Primavera. Anfira pensou que ele devia ser do Porto, mas Håvard esclareceu que não vinha duma aldeia de dragões, mas sim de humanos e que tinha sido o Inverno a transformá-lo. Ele transformava em animais todos os que, como ele, tentavam confrontá-lo, para que perdessem a sua humanidade, tornando-se inofensivos.
Anfira interrompeu a explicação:
- Mas um dragão não é propriamente o animal mais inofensivo que há… Aliás, nem sabia que os dragões eram reais – se calhar extinguiram-se e só restaram as histórias. Ou então fui eu que não apanhei bem essa parte das aulas… Não, não pode ser; eu prestava sempre tanta atenção, não ia perder uma coisa dessas… ou ia?
- Aham… Terra chama Anfira… Estás a divagar!
- Hum? Hã? Ah! Desculpa, distraí-me.
- Sim, estou a ver que a concentração não é o teu forte. É provável que tenhas perdido essa parte das aulas por estares a pensar noutra coisa qualquer.
- Onde íamos mesmo?
- Estava a contar-te a minha história…
- Ah, sim, isso. Continua, por favor. Desculpa a minha distracção.
- Tudo bem, desta vez passa. Da próxima, espirro para cima de ti – ameaçou o dragão.
- Mas… qual é o objectivo de me pegares a gripe?
- Gripe? Eu estava a falar de tostar-te.
- Hum? – Anfira estava lenta. É do frio…
- Também não apanhaste a parte das aulas em que diziam que cuspimos fogo, pois não? - Håvard começava a perder a paciência e, se soubesse do que se passava na Terra, Anfira estaria a pensar que, com aquele feitio, aquele devia ser mais um familiar de Ceridwen e Filia. Håvard começava agora a duvidar se a völva não se teria enganado.
- Errr… fogo? Sim, tenho ideia disso. Acho…
Håvard suspirou. Claramente, não tinha sido boa ideia ir buscar a Super Cristã. Ele tinha desconfiado desde que ouvira o nome. O que raios era uma cristã? E porquê super? A única coisa que a rapariga à sua frente parecia ter em grande quantidade era bloqueios cerebrais.
- Bom, adiante!
- Espera, tenho umas dúvidas! – cortou Anfira.
- Diz lá então.
Era bom que o regresso da Primavera valesse bem o que estava a sofrer, senão a völva que o tinha aconselhado a chamar a Super Cristã ia ter problemas…

Capítulo 10.6

- Pois. – E Filia esboçou um sorriso. Começava a gostar da sua recém-descoberta irmã gémea, ainda que não percebesse bem como era possível o seu parentesco. Mas ela parecia-lhe ser a pessoa mais inteligente que ali andava.
E continuaram a conversar durante o resto do dia, enquanto Vyrmack e Niel não acordavam e Matthieu e Madalena faziam não se sabe bem o quê.

Capítulo 10.5

- Não pode!
- Infelizmente pode. A croma da minha filha teve de casar com um gajo escolhido sabe-se lá como e o gajo era só look, cérebro zero. Tanta inteligência desperdiçada… – suspirou.
- Mas houve alturas piores…
- Sim, quando a croma da Aine (a mãe da Niel) se juntou com o cromo do Zos (guarda pessoal dela, logo burreco) e saiu a Niel. Ora a mãe já era um caso trágico… A única que se safou mais ou menos foi a Rani, a irmã da Aine, que era super inteligente e me substituiu no cargo de Sábia Suprema. Agora eu continuo a sê-lo, mas é só porque sou mais esperta que aquela gente toda junta.
- Sim, faz sentido.
- Claro que faz! Fui eu que o disse.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Capítulo 10.4

- Antes de mais nada… com licença…
E Ceridwen arrancou um dos cabelos louros de Filia, tirando depois um dos seus.
- Para que foi isso?
- Tenho um analisador portátil de ADN. Esta semelhança entre nós tem de vir de algum lado. Mas, se calhar, não sabes do que estou a falar, este planeta é um bocado atrasado…
- Sim, sei. Lá porque vens dum mundo futurista, não é preciso ofenderes… E concordo contigo, tem de haver alguma relação entre nós.
Ceridwen analisou rapidamente o ADN dos cabelos e desceu mais um nível na escala dos brancos na sua cara. Disse o mais alto que conseguiu (e mesmo assim Filia quase teve de se encostar a ela para ouvir):
- Somos… g… gémeas – Ceridwen caminhava para o terceiro bloqueio mental do dia.
- Cala-te! Que disparate! – Filia não queria acreditar, e com razão.
- Não, é mesmo verdade – insistiu Ceridwen. – Mas faz sentido, somos realmente iguais.
- Bom, sim…
Olharam-se durante breves segundos, durante os quais esteve iminente uma explosão de lágrimas e abraços, que, felizmente para os níveis de lamechice desta história, não chegou a acontecer.
- Diz-me uma coisa… – continuou Filia, um pouco a medo. – A Niel é da tua família? É tão parvinha, não me ia agradar muito ser familiar dela.
- Infelizmente, sim. A família degenerou um bocado ao longo do tempo – confirmou Ceridwen.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Capítulo 10.3

- Essa parte já eu tinha entendido. Posso ser doutra dimensão, mas sei razoavelmente o que se passa nesta, pelo menos em traços gerais: Super Cristã, arqui-inimiga, cheias, etc… Agora o que me preocupa não é bem isso, como é óbvio – e não resistiu a murmurar “Croma!” para si própria.
Filia até achou a explicação mais ou menos… explicada. Tendo em conta que ela era de uma dimensão diferente, até fazia sentido. Ela também sabia, em traços gerais, o que se passava na dimensão de Ceridwen: rainha morta, rei morto, revolução das equipas de limpeza, etc…
Afinal de contas, o pessoal importante de cada dimensão tinha acesso à famosíssima (entre eles…) RIP – Rádio Interdimensional Pirata (para não pagar a frequência, já que eram N frequências para as N dimensões… façam as contas) e sabiam assim o que se passava (em traços gerais, porque eram N dimensões e tal…) pelo espaço todo.

Capítulo 10.2

Madalena e Matthieu reentravam na sala nesse momento. Viram Niel cair para o lado, pensaram “Olha outra…” e resolveram tirá-la dali e não voltar tão cedo porque já lhes começava a doer as costas de transportar pessoal. Arrastaram Niel pela escada acima, mas, como iam distraídos, fizeram com que a sua cabeça batesse em todos os degraus. Houve uma vozinha dentro de Ceridwen que murmurou “déjà vu”, mas ficou abafada na confusão que lhe ia no cérebro.
Filia e Ceridwen ficaram então a olhar-se durante um bocado, quase à espera que algum ser de outra dimensão aparecesse para lhes explicar a situação (já tinham acontecido coisas mais estranhas…).
Finalmente, desbloquearam. Ceridwen foi a primeira a falar, ainda num tom bastante soft:
- Ok. O que se passa aqui? Quem és, de onde vens, para onde vais, o que fazes aqui, etc…?
Filia, que já tinha regressado à sua postura altiva, respondeu-lhe:
- Duh… O que achas? Loura, ar escandinavo, roupa antiquada, bocados de armadura… Diz-te alguma coisa?

Capitulo 10.1 - Regressando a casa de Vyrmac

Regressando à Casa da Porta Amarela…
Ceridwen olhava aparvalhada para o corpo do emo estendido no chão. Tendo em conta que estamos a referir que Ceridwen, a Sábia-Suprema do planeta de Ankaa do R7P3I, estar aparvalhada era uma coisa de uma raridade extrema. Aliás, arrisco afirmar que seria a primeira vez, no máximo a segunda, que tal lhe tinha acontecido.
- Mas ele… ele…
Filia interrompeu o “raciocínio” (Ceridwen tinha o cérebro bloqueado. Python… é raro, mas acontece) e disse logo:
- Levem o estronço daqui, antes que ele se aperceba que vai haver sangue derramado… Sabem que ele é picuinhas com as limpezas e não gostou nada quando a Anfira lhe inundou a casa…
Matthieu pegou em Vyrmack e levou-o para o quarto, obedecendo a Filia, porque ele era observador da Super Cristã, mas sempre tinha tido um fraquinho pelo paganismo.
Madalena acompanhou Matthieu. Nunca se sabe se quando Vyrmack acordasse eles não poderiam fazer alguma coisa em conjunto… (Madalena nunca perdia uma potencial oportunidade de praticar o seu desporto favorito com Matthieu):
Estavam agora na sala Ceridwen, Filia e Niel. Niel abriu as hostilidades:
- Oh tu aí de branco… Porque é que de repente descoloraste o cabelo? Foi do susto que perdeu a cor?
Entretanto, olhou para o lado oposto e viu Ceridwen de novo com o seu ar bloqueado, desta vez olhando para Filia. Olhou para uma, para a outra, para uma, para a outra… uma… outra… e ficou tão baralhada que puff, desmaiou também.