quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Capítulo 7 - Go go emorangers

Após uma breve passagem pelo hospital do costume, onde umas bengaladas do Dr. Orchouse dadas no sítio certo resolveram todos os problemas de cegueira e afins - com esperança de que o bando nunca mais lhe aparecesse à frente, o médico/orca até lhes ofereceu óculos de eclipse, não fossem haver mais clarões repentinos ou passagens em frente a lojas Swarovski... -, os nossos heróis seguiram para a caravana da banda de Zaen. Esta encontrava-se vazia, porque os restantes músicos andavam pela cidade tentando manter-se alcoolizados, que tocar de ressaca não é bom. Quando se acomodaram, fixaram todos o olhar em Zaen, incluindo ele próprio - como bom poser, Zaen idolatrava-se e o seu assento favorito era em frente a um enorme espelho que insistia em levar consigo para onde quer quer fosse. Depois de alguns segundos de espera, Madalena perguntou, finalmente:
- Então? Afinal quem é esse amigo que vamos ver o que tem ele a ver com isto?
- Sim, convinha dares-nos umas luzes - apoiou-a Matthieu. - Os meus tempos de árvore de Natal já lá vão...
- OK, OK. Calma. Passo a explicar: tenho um amigo que sempre me disse que vinha dum universo paralelo, onde quase todos são góticos. Obviamente, ninguém acredita nele - alguns pensam que é louco, outros acham só que tem uma lata incrível para se dar ao trabalho de tentar enganar seja quem for. Eu próprio nunca acreditei, mas se temos, ou tivemos, connosco uma miúda que veio do nada, voltou para o nada e conta a mesma história, isto começa a dar-me em que pensar...
- Desculpa lá, mas essa história dos universos paralelos não me convence. Isso nem vem na Bíblia! - respondeu imediatamente Anfira. - É que nem nas entrelinhas. E podem crer que eu sei do que falo.
Os outros quase adormeceram no momento só de imagina Anfira a ler a Bíblia vezes e vezes seguidas...
Madalena foi a primeira a recuperar do momento de tédio:
- Achas então que esse teu amigo terá respostas para nós?
- Não sei, mas não perdemos nada em tentar... Eu tinha-lhe prometido que o ia visitar quando passasse por cá, isto vem mesmo a calhar.
Saindo para a rua, seguiram alguns caminhos de ar duvidoso, com Zaen na frente, até chegarem a uma simpática casa com portas dum amarelo tão vivo que, se não fosse os óculos do Dr. Orchouse, teriam tido mais um momento de cegueira temporária.
Fazendo-lhes sinal de que aquele era o local que procuravam, Zaen tocou à campainha, estremecendo logo de seguida, como sempre lhe acontecia quando ouvia aquele som. O seu amigo ainda usava como toque da campainha a mesma musiquinha irritante de Green Day...
Em poucos segundos, a porta abriu-se e o grupo viu um homem com um ar jovem, de estatura média, completamente vestido de preto. E dizemos ar jovem porque isto tem narração omnisciente, que a malta lá só lhe via um olho e pouco mais: o resto do rosto estava coberto pelo seu cabelo, pintado de preto, que, em vez de tirar da frente dos olhos, ele pôs ainda a tapá-los mais, deixando ver uma mão com unhas surpreendentemente pintado de preto.
Zaen tratou de fazer uma apresentação rápida. Vyrmack era o nome do seu amigo, que, depois de os cumprimentar, lhes fez sinal para que entrassem. Eles obedeceram e subiram os pequenos degraus com o pensamento "Oh não, um emo..." na cabeça.