domingo, 30 de setembro de 2007

Capítulo 7 - parte II

Uma vez no interior, distribuiram-se pelos vários sofás da sala de Vyrmack e, após o necessário update entre ele e Zaen, contaram-lhe a sua história. Vyrmack mostrou-se interessado e os seus olhos brilharam quando ouviu o nome de Niel.
- Niel? De certeza que era esse o nome?
- Sim, sem dúvida - confirmou Zaen. - Diz-te alguma coisa?
- Sim, mas para isso teria de vos contar a minha história. Aviso desde já que não é muito feliz...
- Era de calcular, para se tornar emo... - murmurou Madalena para Matthieu.
- Qualquer informação que nos ajude é bem vinda, Vyrmack. Por favor, conta-nos a tua história - pediu Zaen, que estava desejoso de perceber alguma coisa.
- Muito bem. Há vários anos - muitos mesmo -, eu viva num universo paralelo a este. Alguma teorias aqui na Terra já prevêem a existência de universos paralelos, só que ainda não foi possível demonstrá-lo na prática. Aparentemente, haverá uma espécie de portais, habitualmente chamados de wormholes, que servem de ligação entre universos. Pensa-se que estes wormholes existam entre buracos negros e os seus opostos, os buracos brancos, e, se entrarmos dum dos lados, sairemos noutro universo ou, possivelmente, num ponto distante do mesmo universo.
»Voltando então a mim: eu nasci no Reino dos Sete Pentagramas (Três dos Quais Invertidos), nesse universo paralelo. Como o nome indica, lá quase todos são gótios. A Rainha, na altura, tinha 3 filhas das quais eu sempre fui amigo. A mais velha das 3, Ceridwen, foi e ainda é o grande amor da minha vida - aqui, Vyrmack soltou um leve suspiro. - No entanto, por motivos demasiado complicados para vos explicar neste momento, acabei com uma das suas irmãs, que viria a suceder à sua mãe como Rainha. Mas nunca esqueci Ceridwen e acabei por engravidá-la. O pai dela quis matar-me por isso, foi uma grave violação das leis do Reino, e na fuga, enquanto passava num campo, caí num buraco... Quando dei por mim, estava na Terra...
- O... K... - foi a única coisa que Anfira conseguiu dizer.
- Wow... Que história fascinante... - comentou Matthieu, que, na sua breve passagem pelo R7P3I tinha sabido de algumas coisas e agora somava 2+2.
- Mas o que é que a Niel tem a ver com isso? Conhece-la? - perguntou Zaen.
- Sim. Quer dizer, não, mas é possível que seja...
- Quem? Quem? - Zaen sentia uma necessidade imensa de saber a verdade, como se aquela história tivesse algo a ver com ele.
- Bem, ela deve ser...
No momento em que Vyrmack respondeu, o som da sua voz foi abafado pela Cavalgada das Valquírias, à qual se seguiu um clarão (novamente os reflexos rápidos de quem já sofreu vários momentos de cegueira temporária mostraram-se úteis), donde saiu Filia Santíssima, trauteando músicas de Amon Amarth. Com a sua pele branca e o seu cabelo dourado, Filia parecia brilhar no ambiente dark da casa de Vyrmack, o que fez com que os nossos heróis pensassem que o melhor era deixarem os óculos na cara, não fosse haver azar.
Sorrindo, Filia não resistiu a comentar:
- Ora boas! Estamos muito estilosos, estamos... Tiraram a ideia de algum vídeo dos Tokio Hotel, não? - disse, rindo. Deixando Amon Amarth para cantarolar agora "Go, Go, Emorangers!", Filia deu uma olhadela à casa, rindo-se para si própria dos pormenores característicos da espécie emo. Os outros olhavam para ela sem saber o que dizer. Finalmente, Anfira quebrou o silêncio:
- Valha-me Deus! O que estás aqui a fazer?
- ...es! Deus-es! Quantas vezes é preciso explicar? Ora bem, agora que saíram finalmente do hospital, pareceu-me ser uma boa altura para acabar com os principais defensores das religiões mais idiotas à face da Terra. OK, admito que os wiccans talvez sejam piores que vocês... mas isso também não interessa nada. E, ainda por cima, apanho-vos em casa de um emo. Isto hoje é que vais ser lindo.
E, pegando na sua espada viking, recomeçou a trautear Amon Amarth, enquanto adoptava uma posição de combate. Anfira levantou-se e sacou do bolso, qual Lara Croft, duma variedade incrível de armas, incluindo uma estaca de madeira que fez Matthieu estremecer.
Vyrmack soltou apenas um "Oh não...". Para quem vinha doutro universo, aquilo não devia ser tão estranho assim. Então, pediu, com um ar deprimido que ninguém percebeu se se devia à situação ou se era o seu aspecto normal:
- Não façam muita desarrumação...