quinta-feira, 14 de junho de 2007

Capítulo 6 (II)

Deus chorava porque se sentia incompreendido. Quer dizer, ele não era bem Deus, mas todos achavam que sim e fazia-o sentir-se mal. Não consigo próprio por os andar a enganar, mas por pensar que bem podiam ter criado gentinha mais esperta. Exacto, podiam…
Apesar da luta de religiões na Terra, a verdade teológica deste universo está nas Sagradas Bolas de Energia, das quais os terrestres (de nascença ou ressurreição) nada sabem. O dito ratinho é, na realidade, uma dessas Bolas, apenas com pêlo. Todas as crenças da Humanidade e afins provêm de alguma manifestação das Bolas de Energia. No entanto, ao contrário de todos aqueles a quem chamamos deuses, as Sagradas Bolas de Energia não se preocupam muito em serem adoradas. Vendo bem, nem sequer se preocupam muito com terem aspecto de bolas, surgindo muitas vezes com outras formas, o que explica muitas aparições (como exemplo, vejamos que a Nossa Senhora, em Fátima, não era lá muito esférica…).
Naturalmente, Ceridwen sabe, ou não fosse a Sábia Suprema, mas não revela, até porque aquelas guerrazinhas a divertem bastante. Ainda hoje se ri quando se lembra do sotaque que a Bola “Deus” Ratinho escolheu para falar…
Entre os poucos que partilham o conhecimento da Verdade com Ceridwen, há ainda quem considere a existência dum ser acima das Sagradas Bolas de Energias, um verdadeiro Deus, que estaria para as Bolas de Energia um pouco como o Ronnie O’Sullivan está para as bolas de snooker. Para Ceridwen, esta é uma ideia disparatada – já alguém viu um 147 de Sagradas Bolas de Energia? Claro que não! Então, podia, no máximo, ser um Ali Carter… Apesar de ter há muito chegado a esta conclusão, Ceridwen não contava o que sabia, rindo-se para si da ignorância dos outros supostos sábios. Vendo bem, Ceridwen ria-se muito sem razão aparente e talvez tenha sido por isso que acabou internada num hospital psiquiátrico…

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