sexta-feira, 7 de março de 2008

Capítulo 9 (VII)

Madalena já não suportava a choraminguice de Anfira. Agora que tinha prometido não chorar mais pelo bem da Humanidade, Anfira lamentava-se a Madalena durante horas seguidas, enquanto se enterrava em lenços de papel ultra-absorventes para algumas lágrimas que não conseguia conter. Assim, num momento em que Matthieu, Anfira e Madalena estavam juntos, esta não aguentou mais:
- Temos de ir buscar o Zaen! – explodiu.
- Zaen… snif… – “comentou” Anfira.
- Sim, temos mesmo de ir buscá-lo; esta rapariga continua insuportável – concluiu Matthieu, que já não tinha um momento a sós com Madalena desde as cheias. – Vou falar com o Vyrmack.
Os três tinham fugido de casa de Vyrmack para se salvarem de uma morte bastante húmida e não o tinham voltado a ver desde então. Matthieu pegou nas duas raparigas e seguiram até à Casa da Porta Amarela (era o que dizia numa plaquinha de azulejo na parede exterior), Anfira quase arrastada pelos outros dois.
Tocaram à campainha (*música de Green Day*) e, segundos depois, apareceu-lhes Vyrmack.
- Ah, são vocês! Ainda bem que vieram! É ela! É ela! – exclamou Vyrmack ao vê-los.
- Ela? Ela, quem? – perguntou Madalena.
- A Niel! É a minha neta em seiscentésimo sexagésimo sexto grau! – Vyrmack parecia radiante, tão radiante que mal o reconheceram: estavam mais habituados ao seu ar de quem vai cortar os pulsos com uma batata frita a qualquer momento.
- A Niel está cá? – perguntou-lhe Matthieu, um pouco baralhado.
- Sim, sim! – respondeu Vyrmack, cada vez mais histérico. – E o Zaen também. Apareceram juntos! Vieram para cá para se casar! A minha menina vai casar! E é tão linda!
E continuou a disparar comentários alucinados, enquanto os outros tentavam pensar.
- C… c… cas… hã? – Matthieu estava estupefacto. Não conhecia toda a história do Reino dos Sete Pentagramas (Três dos Quais Invertidos), mas aquilo não lhe soava bem.
- Vão o quê?!
Anfira não aguentou mais e desatou a chorar. Mostrando ter bons reflexos, Madalena atirou-lhe imediatamente lenços de papel (dos tais ultra-absorventes), só para prevenir.
Ao fim de uns bons minutos a processar a informação, conseguiram finalmente mexer-se e entrar. A casa parecia ter recuperado miraculosamente da inundação, mas nenhum deles reparou nisso, porque lá dentro encontraram Niel e Zaen no sofá, a olharem um para o outro e a babar, com sorrisos altamente idiotas na cara.

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