sábado, 12 de abril de 2008

Capítulo 10.7

Num outro espaço e num outro tempo, Anfira tentava entender a sua situação. Mesmo com o cerebrozinho que tinha, já tinha reparado que não fazia muito mais na vida para além de tentar entender a sua situação.
Aparentemente, estava na Escandinávia e, pelo que tinha concluído (portanto, não é informação de confiança), estava na época dos vikings e era Inverno.
Segundo Håvard, o dragão, era Inverno há vários anos. Alguém que ele dizia ser o Inverno em pessoa tinha raptado a Primavera (também personificada), deixando o mundo coberto de gelo.
Dado o longo Inverno, a fome começava a espalhar-se por todo o lado e Håvard tinha sido enviado da sua aldeia para tentar libertar a Primavera. Anfira pensou que ele devia ser do Porto, mas Håvard esclareceu que não vinha duma aldeia de dragões, mas sim de humanos e que tinha sido o Inverno a transformá-lo. Ele transformava em animais todos os que, como ele, tentavam confrontá-lo, para que perdessem a sua humanidade, tornando-se inofensivos.
Anfira interrompeu a explicação:
- Mas um dragão não é propriamente o animal mais inofensivo que há… Aliás, nem sabia que os dragões eram reais – se calhar extinguiram-se e só restaram as histórias. Ou então fui eu que não apanhei bem essa parte das aulas… Não, não pode ser; eu prestava sempre tanta atenção, não ia perder uma coisa dessas… ou ia?
- Aham… Terra chama Anfira… Estás a divagar!
- Hum? Hã? Ah! Desculpa, distraí-me.
- Sim, estou a ver que a concentração não é o teu forte. É provável que tenhas perdido essa parte das aulas por estares a pensar noutra coisa qualquer.
- Onde íamos mesmo?
- Estava a contar-te a minha história…
- Ah, sim, isso. Continua, por favor. Desculpa a minha distracção.
- Tudo bem, desta vez passa. Da próxima, espirro para cima de ti – ameaçou o dragão.
- Mas… qual é o objectivo de me pegares a gripe?
- Gripe? Eu estava a falar de tostar-te.
- Hum? – Anfira estava lenta. É do frio…
- Também não apanhaste a parte das aulas em que diziam que cuspimos fogo, pois não? - Håvard começava a perder a paciência e, se soubesse do que se passava na Terra, Anfira estaria a pensar que, com aquele feitio, aquele devia ser mais um familiar de Ceridwen e Filia. Håvard começava agora a duvidar se a völva não se teria enganado.
- Errr… fogo? Sim, tenho ideia disso. Acho…
Håvard suspirou. Claramente, não tinha sido boa ideia ir buscar a Super Cristã. Ele tinha desconfiado desde que ouvira o nome. O que raios era uma cristã? E porquê super? A única coisa que a rapariga à sua frente parecia ter em grande quantidade era bloqueios cerebrais.
- Bom, adiante!
- Espera, tenho umas dúvidas! – cortou Anfira.
- Diz lá então.
Era bom que o regresso da Primavera valesse bem o que estava a sofrer, senão a völva que o tinha aconselhado a chamar a Super Cristã ia ter problemas…

1 comentário:

Luis disse...

pois.. agora já há um pulso cortado..

Gostei
Luis