segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Capítulo 8 - Parte já não sei quantos

Rani não sabia o que responder, portanto começou a arrastar Niel para um quarto. Quando chegou às escadas, levou-a de uma maneira tal que a cabeça de Niel bateu em todos os degraus. Ceridwen, que seguia atrás com Zaen, teve uma leve sensação de déjà vu com aquela cena.
Horas depois, Zaen acordou e, vendo Niel numa cama próxima, andou até ela e fixou o olhar no seu rosto adormecido, na certeza de já o ter visto algures. Mas onde? Não teve tempo de responder à sua própria pergunta, pois Niel abriu os olhos nesse momento e, vendo-o, sorriu-lhe de forma demasiado fofa para o gosto de Zaen.
- O que se passou? – perguntou Niel.
- Não sei – respondeu Zaen. – Só me lembro de me dares uma seca sobre religião e de começar a beber duma garrafa que encontrei. Depois há uma espécie de branca na minha memória até ao momento em que uma tipa gótica aterrou em cima de ti. A partir daí tenho outra branca, se bem que esta última é mais negra, porque me parece que perdi mesmo os sentidos.
- Gótica? Ah, deve ser a Ceridwen. Bem, aqui todos são góticos.
- Tu não pareces muito – comentou Zaen, analisando o vestido colorido de Niel.
- É uma longa história. Digamos que os meus pais passaram por muita coisa e isso, pelo que a Ceridwen me diz, deixou-me alguns traumas. Não sou muito normal. Senão fosse gostar de um bom sangue de barata e ter adoptado o Morfeu, já me tinham internado.
- Pois, sou sempre eu a safar-te de tudo!
Zaen virou-se para o ponto de onde a voz tinha vindo e pensou que o efeito do álcool ainda não devia ter passado. Aparentemente, tinha sido um morcego a falar. Ele já se tinha conseguido convencer de que a galinha falante era uma alucinação, mas juntar a isso um morcego era admitir a insanidade.
- Errrr… Quem é que falou? – perguntou, a medo.
- Eu! Está mais algum morcego no quarto?
Nisto, três vultos alados disparam pela janela fora e afastam-se a voar.
- OK, não queria ofender. Esta minha espécie leva tudo à letra; era só uma expressão…
“Hum”, pensou Zaen, “não só falam como têm personalidades complicadas… Ai…”
- Morfeu, tem calma – interrompeu Niel. – Este é o Zaen. Veio da Terra e parece que lá só os seres humanos é que falam.
- E os emos – acrescentou Zaen.
- Seja isso o que for – murmurou Morfeu.
- Zaen, este é o Morfeu, o meu morcego.
- Hum. OK. É um prazer conhecer-te, Morfeu.
- Veremos – cortou o morcego. Estava mal-humorado naquele dia e não estava a gostar nada da expressão idiota (mais que o normal) de Niel quando olhava para aquele tipinho.

1 comentário:

Bernardo Álvares disse...

ideia gira - qnd tiver tempo leio a historia toda... keep on

morcego chamado Morfeu, xD