Madalena achou boa ideia explicar-se aos pais, não fosse ficar sem mesada. Controlando-se ao máximo para não saltar para cima de Matthieu pela enésima vez (tivemos de saltar a maior parte, porque, por mais que o sexo venda, temos mais coisas para contar e a tinta ainda é cara), pois a sua garganta começou a brilhar duas ou três vezes – digamos que Anfira e Zaen aproveitaram o tempo no hospital para “pôr a conversa em dia” –, levou-o até ao hospital onde a mãe se encontrava. Após muita conversa e as indispensáveis lágrimas de reconciliação, tudo ficou bem. Os pais até lhe prometeram remodelar o quarto, de forma a incluir paredes à prova de som (soaram campainhas na cabeça de Anfira quando mencionaram isto e ela teve uma leve recordação de gritar bastante com Zaen num quarto com paredes à prova de som e não era por estar chateada com ele…) e portas e janelas blindadas, para evitar mais “incidentes” do género. Tendo em conta que a rapariga é ninfomaníaca, as mudanças acabavam por ficar mais baratas que ir parar ao hospital a toda a hora. E, claro, não é muito agradável estar sempre a vomitar…
Assim, após muitas sessões com o psiquiatra e umas boas doses de comprimidos, os pais de Madalena lá ultrapassaram o trauma. Entretanto, e como gostavam muito de conversar, Anfira esclareceu Zaen em relação a tudo o que se passara.
Quando foram finalmente postos na rua (já ninguém os conseguia aturar no hospital), os dois casalinhos maravilha aproveitaram o belo dia para dar um passeio pela cidade. Por alguma razão desconhecida, Anfira não pensou mais em Filia e nos seus planos para converter a humanidade (ou, pelo menos, os lisboetas), mas há quem diga que andava com uma crise de fé devida às revelações da caneta amarela e ao comportamento pouco cristão do seu observador.
A necessidade de sangue de Matthieu não era, para infelicidade do mundo, satisfeita com sexo, ainda que este fosse em quantidade e de qualidade elevadas. Como tal, não conseguiu resistir. Vendo um procissão numa das zonas da cidade por onde passaram, não conseguiu controlar-se e, desculpando-se como uma ida à casa de banho, que todos acharam real (o gajo é vampiro, por favor!), escondeu-se num local estratégico, de onde podia facilmente ir puxando umas velhinhas para beber. É claro que não era o seu prato predilecto, mas, como tentava ser um cristão aceitável, o vampiro convertido tentava fazer o mínimo estrago possível.
Infelizmente, o seu plano não correu tão bem como esperava. A procissão estava a ser estudada por alunos de Física, como ilustração de um fluxo. A quantidade de velhinhas que entrava naquela rua tinha de ser, dizia o professor, igual à quantidade que saía. Mas, por culpa de Matthieu, não era. Nem fazendo c=1 lá iam. O caos na comunidade científica foi tal que o túmulo de Newton (ou talvez o de Hooke) só não congelou porque o cérebro de Anfira estava bloqueado de emoção a apreciar o desfile católico, o que controlou o que parecia ser mais um disparo na entropia do universo.
Seja como for, ao menos Matthieu saciou a sede.
4 comentários:
Muito massoquista, buscarei uma leitura assidua
só uma coisa: o que é que vocês andam a tomar que vos dá todas estas alucinações todas pi-pis?É morangos?
não, não.... nada de morangos. São as aulas de Física Molecular k nos provocam alucinações. Depois só nos saem pérolas destas :P
Essas aulas são das fortes! Ganda malucos!
LOLADONA
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